ENFERMAGEM HU/UFGD

JUNTOS POR UMA UNIVERSIDADE MELHOR E UMA ENFERMAGEM MAIS UNIDA.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Carta de desabafo de uma servidora.

Domingo, 9 de janeiro de 2011.
Após um plantão de MAIS de TREZE HORAS em DUAS Unidades de Terapia INTENSIVA do Hospital Universitário, gostaria de compartilhar a experiência e quem sabe fazer com que esse depoimento ajude a tomada de algumas medidas de URGENCIA.
Infelizmente essa não é a primeira, nem a segunda,..., nem a décima vez que tal situação acontece na Instituição, e para meu desânimo, parece que não será a última.
Iniciei o meu plantão noturno como enfermeira assistencialista de DUAS Unidades de Terapia Intensiva Adulto, que se localizam em um mesmo corredor, porém, em espaços físicos diferentes. Ou seja, estava desafiando o princípio de que nenhuma pessoa pode estar em dois espaços físicos distintos ao mesmo tempo. No entanto, como não havia outra saída devido o quantitativo de RH reduzido, me submeti a tal façanha. A princípio haviam sob minha responsabilidade seis pacientes (três em cada respectiva UTI) – e seis técnicos de enfermagem (número reduzido pois o quantitativo real deveria ser 8 técnicos – 2 estavam de folga!). Contudo, já havia a liberação de mais 3 leitos que só estavam aguardando os pacientes externos serem transferidos a instituição.
Houve CINCO internações durante o período, de pacientes totalmente críticos e dependentes, que necessitavam realmente de monitoração contínua e cuidados integrais, porém, este era o grande problema, não havia RH suficientes para dar tal suporte.
Fizemos nosso melhor e demos a assistência que foi possível, mas com certeza não a que os pacientes necessitavam. Não havia enfermagem suficiente para cobrir a demanda, dimensionei o melhor que pude, no entanto, mesmo assim não ficou adequado. Estava a meia-noite internando o que seria o meu DECIMO SEGUNDO PACIENTE. (A RDC 7, de 24 de Fevereiro de 2010, no seu art. 14, dimensiona o quantitativo para cada UNIDADE de terapia intensiva, de no mínimo, 1 enfermeiro assistencialista para cada 8 leitos de UTI, e no mínimo 1 técnico de enfermagem para cada 2 leitos de UTI, além de mais 1 técnico para suporte assistencialista em cada turno).
Ao conhecer a realidade de um hospital, por mais leigo que seja, sabe-se que e a enfermagem é a responsável por prestar o primeiro atendimento, a fazer todos os cuidados, a fornecer o suporte necessário para atender as necessidades dos pacientes e fornecer lhes conforto.
Agradeço a Deus por nenhum paciente ter apresentado uma Parada Cardiorrespiratória (PCR), pois tenho a plena certeza que nenhuma das duas equipes tinham as condições mínimas psicológicas e físicas para prestarem um suporte adequado nessa situação, pois ao final da última internação, todos estavam visualmente exaustos, e no entanto, haviam ainda 7 horas de jornada de trabalho a serem bravamente cumpridas. Tal situação é totalmente incompatível com a realidade de assistência a um paciente em PCR, pois para reverte-la são necessários RH, condições físicas (devido aos esforços durante as compressões torácicas e suporte ventilatório) e mentais (administração de drogas corretas em tempo hábil) mínimas de cada profissional. OBS: este é só um exemplo de uma ocorrência passível de um setor de terapia intensiva.
Quero que fique claro que estamos fazendo o nosso melhor, porém este não está sendo o suficiente, pois a demanda está sendo extremamente alta, e como qualquer um, somos seres humanos cheios de limitações. Não podemos estar em dois lugares ao mesmo tempo!!!!! Não podemos continuar a assumirmos situações impossíveis. Talvez isso pareça distante da sua realidade por nunca ter precisado utilizar o serviço público de saúde, com certeza seus familiares também não precisem, mas hoje internaram pais, mães e filhos de pessoas que estão no seu lar acreditando no nosso serviço. Isso me deixa triste, pois não era nenhum familiar meu, MAS poderia ser.
Temos capacidade!!! Mas precisamos de AJUDA!!!
A enfermagem não DESEJA mais APH, ela NECESSITA de mais APH!
Não ache que sou uma servidora cansada, que visa apenas o retorno financeiro que esses plantões me dariam, e dariam aos outros servidores. Ao contrário, tenho apenas 23 anos, amo minha profissão, e sinto o dever de cumprir meu juramento feito ao término de minha graduação e honrar meu código de ética.
Contudo, na atual situação, me vejo de mãos atadas.


Um comentário:

  1. Cara companheira, o APh é apenas um engôdo do governo para a constituição da EBSER empresa,que visa lucro,exige produtividade,e ainda retira a aposentadoria integral,além de poder demitir funcionarios que não atingirem metas e ou por insuficiência de recursos do tesouro,a sua indiferença é pertinente porém é uma realidade nos 46 Hus.Vamos lutar contra este mal. Greve Geral .

    ResponderExcluir